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ABSTINÊNCIA E PREVENÇÃO ENTRE JOVENS

02/05/2005 - Folha de São Paulo

Folhateen

Em matéria no caderno FolhaTeen no jornal Folha de S. Paulo o médico Jairo Bouer tira dúvida de jovem e fala sobre o programa norte-americano Worth the Wait - vale esperar - que defende a abstinência sexual na adolescência.

Confira abaixo a carta do leitor e a resposta de Jairo.

"Tenho 16 anos e tomei conhecimento de um programa que está sendo realizado nos EUA, "Worth the Wait" (vale a espera), que defende a abstinência sexual na adolescência. Os educadores mostram os riscos das DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e recorrem à tática do medo para tentar convencer as crianças a não serem sexualmente ativas. A questão dos métodos contraceptivos não é considerada relevante. Mas outros grupos defendem a orientação sexual pelo uso e distribuição de preservativos. Como orientar um jovem? Abstinência sexual, distribuição de preservativos ou orientação religiosa?"
Nos últimos anos, nos EUA, uma série de iniciativas ganhou apoio do governo Bush para trabalhar a abstinência sexual entre os jovens. No entanto, estudos mostraram que a maior parte deles não conseguiu cumprir sua promessa de abstinência e acabou tendo uma relação sexual já no primeiro ano de tentativa de espera.
Como esses jovens não são treinados a discutir prevenção, camisinha e métodos anticoncepcionais, quando as relações acontecem, muitos se expõem a um maior risco de contrair DSTs e de engravidar. O maior problema desse tipo de tática é que ela se mostra frágil do ponto de vista prático. Os especialistas já perceberam que, em sexualidade, a estratégia de ameaçar não funciona.
É lógico que, para alguns jovens, muitos dos quais têm uma orientação religiosa mais forte, talvez esse tipo de postura funcione, mas ela está longe de ser uma estratégia que atende às demandas e às necessidades naturais dos jovens de hoje.
Com a escolha do papa Bento 16, houve um reforço da posição mais conservadora da religião católica em relação a temas como sexo antes do casamento, preservativo e métodos anticoncepcionais. Será que, ao apontar nessa direção, a igreja se aproxima ou se afasta dos seus jovens fiéis?
Na minha opinião, que vê a questão da sexualidade do ponto de vista prático, de saúde e da garantia da igualdade de direitos para todos, a prevenção é a alma do negócio. Cada um deve ter autonomia para escolher o que acha melhor para sua vida, desde que não prejudique ninguém.
E, para isso, o jovem tem que ser orientado a se cuidar, usando camisinha, anticoncepcionais e o que mais for necessário. Orientação religiosa e abstinência talvez sirvam para uma parte dos jovens, que não são maioria. Mas, por via das dúvidas, mesmos esses jovens comprometidos com a abstinência deveriam aprender que se cuidar e usar camisinha não faz mal.