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SANGUE SEGURO

13/06/2005 - EFE

Acesso é a nova marca de desigualdades, afirma OMS

O acesso a transfusões sanguíneas seguras virou a nova marca das disparidades entre ricos e pobres, pois apenas 18% da população mundial se beneficia de 60% das reservas mundias de sangue, informou nesta segunda-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Por causa da comemoração, amanhã, do Dia Mundial de Doação de Sangue, a OMS lembrou que "existem grandes desigualdades quanto à disponibilidade e à segurança do sangue". A taxa de doações e a eficácia dos sistemas de coleta de sangue são diretamente proporcionais às receitas da população, o que explica que os habitantes de países em desenvolvimento estejam muito mais expostos a receber sangue ou produtos derivados contaminados, acrescentou a OMS.
Estima-se que nos países ricos uma em cada dez pessoas internadas em hospitais precisa de sangue, seja porque foi vítima de acidentes ou queimaduras ou porque deve ser submetida a uma cirurgia cardíaca ou a um transplante de órgão. Além disso, um paciente precisa de derivados de sangue quando sofre de leucemia, de câncer ou de alguma outra doença, como anemia falciforme, a doença sanguínea mais freqüente.
A OMS afirmou que o ritmo de envelhecimento da população e a multiplicação de tratamentos que requerem transfusões sanguíneas fazem prever que a demanda continuará aumentando nos países ricos. Estatísticas recentes sobre os EUA indicam que cerca de 4,5 milhões de pessoas morreriam por ano no país se não recebessem transfusões sanguíneas.
Nos países pobres, a maior necessidade de sangue se registra nos grupos de mulheres e crianças, durante e após o parto, destacou a OMS. Mais de 500.000 mulheres morrem anualmente como conseqüência de complicações relacionadas à gravidez e ao parto, principalmente por hemorragias.
Apesar dos progressos registrados no setor, a OMS afirma que apenas 30% dos países têm um serviço de transfusão sanguínea bem organizado e que muitos ainda utilizam em grande parte sangue doado por familiares e pela comunidade, em muitos casos após pagamento. A agência de saúde da ONU afirma que os esforços para conseguir o acesso universal ao sangue seguro devem ser baseado na criação de redes de doadores voluntários, regulares e não-remunerados.
Também são necessários controles de qualidade necessários, não só para descartar qualquer infecção, mas também para evitar erros nas características do sangue administrado, que podem ser fatais. A OMS destaca que estão sendo registrados avanços concretos e cita o caso da China, onde a proporção de sangue doado voluntariamente passou de 45% em 2001 para 91,3% em 2004.
Na Bolívia, a implementação de um programa nacional de transfusão sanguínea e campanhas oficiais através dos meios de comunicação permitiram "passar de uma taxa de doações voluntárias e não remuneradas de 10% em 2002 para 50% atualmente". Outro problema, segundo destaca a OMS, é que ainda há um déficit mundial de 6 milhões de testes que não são realizados para as quatro principais infecções transmissíveis por via sanguínea: aids, hepatites B e C e sífilis.