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REMÃDIOS MAIS BARATOS

02/07/2003 - A Gazeta (ES)

Governo tenta reduzir o preço de remédio anti-Aids

O Programa de Aids brasileiro economizaria R$ 123 milhões se passasse a produzir três dos mais caros medicamentos do coquetel usado para tratamento da doença. O valor, suficiente para suprir os gastos do programa em todos os Estados e municípios do país e também para financiar programas de organizações não-governamentais, foi apresentado ontem para as indústrias Roche (fabricante do Nelfinavir), Merck Sharp & Dhome (do Efavirenz) e Abbott (fabricante do Lopinavir).
O encontro de ontem foi o primeiro de uma série para discutir a redução do preço dos remédios anti-Aids. A proposta do Governo é que uma solução seja encontrada em um mês.

Pressa

O coordenador do Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST-Aids), Alexandre Grangeiro, afirmou que o Governo tem pressa. "Caso algo não seja feito, não haverá recursos suficientes para financiar o tratamento da Aids." Este ano, foram destinados R$ 516 milhões para o pagamento do coquetel anti-Aids.
A previsão de gastos, porém, é de R$ 573 milhões. As estimativas mostram que a tendência é a situação piorar ao longo dos anos. Em 2005, seriam necessários R$ 851 milhões.
A elevação dos gastos é provocada pelo aumento de pacientes que têm indicação para uma das três drogas. "Elas são consideradas de primeira escolha. Além disso, outros pacientes, que apresentam falha no tratamento com outros remédios, também têm de recorrer a elas."
Cerca de 70 mil pacientes inscritos no programa usam um dos três medicamentos. Grangeiro disse que o Governo fez duas propostas para as indústrias. A primeira foi a redução dos preços ao valor dos custos de uma eventual produção da Farmanguinhos, laboratório ligado à Fundação Oswaldo Cruz, no Rio. Isso significaria um corte entre 50% e 85% do valor atual.
Outra opção seria que as indústrias voluntariamente cedessem a licença para a produção dessas três drogas pelo Brasil. Caso isso não seja feito, o Governo deverá importar as três drogas, produzidas na forma de genéricos na Índia. E, em uma segunda etapa, lançar mão da licença compulsória e passar a produzir as três drogas na Farmanguinhos, em seis meses, segundo o coordenador.