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TRATAMENTO TRIPLO CONTRA O HIV

06/12/2007 - EFE

Perda de efeito é mais lenta que o imaginado

Perda de efeito em tratamento triplo contra HIV é mais lenta que o imaginado

A perda de efetividade em cada um dos três grandes tipos de anti-retrovirais é mais lenta na prática clínica rotineira do que se acreditava até agora, de acordo com um artigo publicado nesta quinta-feira na revista científica britânica "The Lancet".

O relatório afirma que a descoberta representa uma grande notícia para o planejamento dos programas de tratamento do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) no mundo em desenvolvimento, onde se prevê que nos próximos anos os remédios que não fazem parte de nenhum desses grupos principais ainda não estarão à disposição dos soropositivos.

Os três tipos de anti-retrovirais mais importantes - os inibidores da proteasa, os inibidores da transcriptase reversa e os não-nucleosídeos - suprimem a atividade ou a replicação do HIV.

A perda de efetividade do tratamento anti-retroviral triplo acontece quando pelo menos um produto de cada um dos três tipos principais deixa de dar resultado do ponto de vista virológico.

Dirigidos por Andrew Phillips, do hospital londrino Royal Free e professor na Universidade College Medical School, os cientistas analisaram o alcance da falha de mais de um remédio de cada tipo.

Para isso, eles estudaram os dados de 7.916 pacientes, com uma média de idade de 36 anos e que começaram o tratamento anti-retroviral com a combinação de pelo menos três remédios.

Eles descobriram que em 167 pacientes houve uma perda de eficácia de mais de um remédio do tratamento triplo em algum momento dos dez anos de pesquisa, o que situa o risco de desenvolvimento de resistência em 9,2%.

Posteriormente, cem pacientes (60%) registraram pelo menos uma carga viral abaixo das 50 cópias do HIV por mililitro - o nível mais baixo detectável -, o que prova que as drogas ainda retêm algo de sua atividade virológica, apesar de perder sua eficácia.

No momento da perda de eficiência dos três tipos de anti-retrovirais, em 90% dos 167 doentes foi observada uma falha de sete ou mais remédios dos diferentes grupos, e o risco de morte depois de um período de cinco anos ficou em 10,6%.

De acordo com os autores do relatório, há provas de que a percentagem de pacientes que desenvolvem resistência aos anti-retrovirais foi reduzida, enquanto os remédios e a experiência com seu uso melhoraram.

Em comentário que acompanha o estudo, Edward Mills e Jean B.

Nachega, da Universidade British Columbia do Canadá e da Johns Hopkins University (EUA), respectivamente, advertem sobre a necessidade de ampliar o acesso a remédios "alternativos, menos tóxicos e mais acessíveis" em cada um dos três tipos de anti-retrovirais nos países em desenvolvimento.

"O HIV continuará conosco no futuro imediato, por isso precisamos dar resposta" às necessidades dos pacientes de todos os países do mundo para, em alguns anos, "poder olhar para trás e perguntar-nos se realmente fizemos tudo o que esteve a nosso alcance".