Notícias
VÃRUS HIV EM UMA ÃNICA CÃLULA
20/10/2008 - EFE
vÃrus da aids pode se esconder em uma única célula
Para um doente crônico de aids, abandonar a medicação significa reativar a infecção, mas novos dados sugerem que essa ação infecciosa poderia se originar a partir de um único vÃrus "escondido" em estado latente em alguma célula do corpo.
Apesar da eficácia dos atuais tratamentos anti-retrovirais, capazes de reduzir a carga no sangue do vÃrus que provoca a aids - o HIV - até valores praticamente não detectáveis, erradicá-lo do organismo continua sendo impossÃvel.
Combatido pelos anti-retrovirais, o HIV sobrevive "se escondendo" em algumas células do tecido linfático, do cérebro, da medula óssea ou do sangue, onde resiste protegido em uma espécie de estado inativo -conhecido como estado latente.
Sob algumas circunstâncias, entre elas abandonar a medicação, o vÃrus em estado latente "desperta" e origina, em poucos dias ou semanas, uma nova infecção muito ativa, com a qual o paciente recupera praticamente a carga de HIV que tinha antes de começar o tratamento.
Saber o que ocorre nessas células "refúgio" e achar o modo de identificá-las para poder, algum dia, eliminá-las e erradicar a infecção são questões fundamentais às quais a investigação pretende responder hoje, explica Günthard Huldrych, professor no Hospital Universitário de Zurique.
O estudo dirigido pelo especialista e que foi publicado hoje na revista americana "Proceedings of the National Academy of Sciences" esclarece a primeira dessas dúvidas.
Durante os últimos dez anos, existiu a incógnita sobre se nessas células que se transformam em "abrigo" para o HIV, este se encontra completamente inativo ou continua se multiplicando lentamente e se propagando a outras células.
A equipe de Huldrych estudou como o vÃrus evoluÃa (concretamente, um pedacinho do gene de uma proteÃna que compõe a cobertura do vÃrus) em 20 pacientes crônicos de aids que participaram do teste hispânico-suÃço de tratamento intermitente (SSITT, em inglês).
Para sua surpresa, descobriram que os vÃrus que reativavam a infecção mal tinham evoluÃdo em relação à situação inicial, antes de começar o tratamento anti-retroviral.
Segundo os cientistas, essa "estagnação" é um indÃcio de que o vÃrus não se multiplica ativamente, porque, se fizesse, mesmo de forma lenta, deveria usar a retrotranscriptase.
Esta enzima, fornecida pelo próprio vÃrus, lhe permite fazer uma cópia de seu RNA no DNA para poder, depois, se inserir no genoma da célula e "se esconder".
Nesse processo de cópia, a enzima se equivoca, e muito, "o que deveria resultar, em último caso, em erros no genoma do vÃrus", explica Huldrych à Agência Efe. Em outras palavras, seria preciso gerar uma diversidade de vÃrus que sua equipe não encontrou.
O especialista acredita que se trata de uma boa notÃcia para pacientes e médicos, porque deste estudo se depreende que os tratamentos anti-retrovirais são "realmente muito potentes".
Além disso, infere-se que seu uso sustentado não teria que levar ao desenvolvimento de resistências, algo que sim seria possÃvel se o vÃrus tivesse a mÃnima possibilidade de se multiplicar.