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VÃRUS ESCONDIDO
04/11/2008 - EFE
VÃrus da Aids pode se esconder em uma única célula
VÃrus da Aids pode se esconder em uma única célula, dizem cientistas
Para um doente crônico de Aids, abandonar a medicação significa reativar a infecção, mas novos dados sugerem que essa ação infecciosa poderia se originar a partir de um único vÃrus "escondido" em estado latente em alguma célula do corpo.
Apesar da eficácia dos atuais tratamentos anti-retrovirais, capazes de reduzir a carga no sangue do vÃrus que provoca a Aids --o HIV (vÃrus de imunodeficiência humana, na sigla em inglês)-- até valores praticamente não detectáveis, erradicá-lo do organismo continua sendo impossÃvel.
Combatido pelos anti-retrovirais, o HIV sobrevive "se escondendo" em algumas células do tecido linfático, do cérebro, da medula óssea ou do sangue, onde resiste protegido em uma espécie de estado inativo --conhecido como estado latente.
Sob algumas circunstâncias, entre elas abandonar a medicação, o vÃrus em estado latente "desperta" e origina, em poucos dias ou semanas, uma nova infecção muito ativa, com a qual o paciente recupera praticamente a carga de HIV que tinha antes de começar o tratamento.
Saber o que ocorre nessas células "refúgio" e achar o modo de identificá-las para poder, algum dia, eliminá-las e erradicar a infecção são questões fundamentais às quais a investigação pretende responder hoje, explica o professor no Hospital Universitário de Zurique, Günthard Huldrych.
O estudo dirigido pelo especialista e que foi publicado nesta segunda-feira (20) na revista americana "Proceedings of the National Academy of Sciences" esclarece a primeira dessas dúvidas.
Durante os últimos dez anos, existiu a incógnita sobre se nessas células que se transformam em "abrigo" para o HIV, este se encontra completamente inativo ou continua se multiplicando lentamente e se propagando a outras células.
A equipe de Huldrych estudou como o vÃrus evoluÃa --concretamente, um pedacinho do gene de uma proteÃna que compõe a cobertura do vÃrus-- em 20 pacientes crônicos de Aids que participaram do teste hispânico-suÃço de tratamento intermitente (SSITT, em inglês).
Para sua surpresa, descobriram que os vÃrus que reativavam a infecção mal tinham evoluÃdo em relação à situação inicial, antes de começar o tratamento anti-retroviral.
Segundo os cientistas, essa "estagnação" é um indÃcio de que o vÃrus não se multiplica ativamente, porque, se fizesse, mesmo de forma lenta, deveria usar a retrotranscriptase.
Esta enzima, fornecida pelo próprio vÃrus, lhe permite fazer uma cópia de seu RNA (Ãcido Ribonucleico, em inglês) no DNA (Ãcido Desoxirribonucleico, em inglês) para poder, depois, se inserir no genoma da célula e "se esconder".
Nesse processo de cópia, a enzima se equivoca, e muito, "o que deveria resultar, em último caso, em erros no genoma do vÃrus", explica Huldrych. Em outras palavras, seria preciso gerar uma diversidade de vÃrus que sua equipe não encontrou.
O especialista acredita que se trata de uma boa notÃcia para pacientes e médicos, porque deste estudo se depreende que os tratamentos anti-retrovirais são "realmente muito potentes".
Além disso, infere-se que seu uso sustentado não teria que levar ao desenvolvimento de resistências, algo que sim seria possÃvel se o vÃrus tivesse a mÃnima possibilidade de se multiplicar.