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IV ERONG

06/09/2009 - Agência Aids

Estigma contribui para diagnóstico tardio da aids

Estigma contribui para diagnóstico tardio da aids, dizem especialistas

De acordo com dados do Ministério da Saúde, quase 44% dos brasileiros que descobriram que têm aids entre 2003 e 2006 receberam o diagnóstico já com a saúde bastante debilitada, o que dificulta o sucesso do tratamento. Para tentar reverter números como esse, especialistas discutiram durante o Erong (Encontro Regional de ONG/Aids da Região Sudeste) as causas e desafios do enfrentamento ao diagnóstico tardio da doença. O estigma e o julgamento moral em relação às pessoas com HIV/aids foram considerados as principais dificuldades.

Para o psicólogo e representante do Gapa (Grupo de Apoio à Prevenção à Aids) de Minas Gerais, Roberto Chateaubriand, a manutenção do conceito de grupo de risco e a crença de que mulheres heterossexuais casadas estão protegidas do HIV persistem desde o começo da pandemia. “Assim como alguns homossexuais acreditam que a aids é um destino inevitável”, afirmou.

Roberto contou que já recebeu queixas da população pelo fato de o Gapa distribuir camisinhas também para quem vive com HIV/aids. “Muita gente acha que as pessoas que possuem o vírus ou desenvolveram a doença não têm mais direito de fazer sexo", disse.

O psicólogo defendeu que a educação é uma das formas de combater a discriminação e o preconceito. “Em um mundo em que a aids é uma realidade, basta ser humano para poder ser atingido”, finalizou.

O coordenador da Abia (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids), Veriano Terto, contou que uma pesquisa realizada pela instituição apontou que a maioria dos 400 entrevistados prefere não transar com soropositivos. “É um exemplo de discriminação que faz com que as pessoas tenham medo de saber a sorologia ”, declarou.

Veriano também abordou o preconceito dos próprios profissionais do serviço de saúde. “Se uma pessoa recebe o diagnóstico positivo para o HIV é taxada de homossexual, mesmo que afirme o contrário”. Além disso ele citou a demora do resultado do exame Elisa e o acesso restrito ao teste rápido anti-HIV como fatores que contribuem para o diagnóstico tardio da aids.