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20 ANOS INCENTIVANDO A VIDA

18/05/2010 - Agência Aids

GIV: Vinte anos de história, luta e cidadania

Um encontro que reuniu amigos, gente que caminhou junto por vinte anos buscando formas, jeitos, atalhos e saídas para os estragos e dores que o HIV fez e faz no mundo. Um momento bonito com recordações de cada um que ajudou a criar, escrever e contar esta história, teve um gosto especial de ter valido à pena ousar, querer mais, acolher e ser acolhido. Um instante mágico onde a lembrança do caminho percorrido para se chegar até aqui, teve um certo sabor de vitória, de enfrentamento, de coragem, de dignidade, de solidariedade, de crescimento individual e de todo mundo junto. Não foi apenas um coquetel, mas um momento bonito, emocionante, feliz e de celebração e reconhecimento.

Reconhecimento da força, da coragem ao despreendimento, aos muitos momentos de angústia, medos e solidão superados. Foi um momento em que aqueles e aquelas que lá atrás se juntaram, se ajudaram, se reconheceram, se acalmaram, se aceitaram, se ampararam, se fizeram pessoas mais fortes e comemoraram uma trajetória que mostra para todos nós que a vida vale e sempre valerá a pena! Em um hotel no centro da cidade grande, que tem muitos carros, muita gente, muitos problemas, gente "da antiga" e gente nova se reuniram para festejar os 20 anos do Grupo de Incentivo à Vida, o GIV.

O grupo que nasceu, como disse Claúdio Pereira, atual presidente, em seu discurso, com "voluntários engajados em transformar uma história, a do HIV e da Aids". Ele contou que o GIV cresceu, “extrapolou fronteiras”. Foi para a África, Japão e América Latina. Lembrou os momentos difíceis de perdas de amigos queridos. Lembrou também de momentos engraçados, como quando depois da eleição de uma nova diretoria, Araújo Lima e Eduardo Barbosa resolveram distribuir comida que havia sobrado da festa embaixo de um viaduto em São Paulo. Distribuíram comida e, sem querer, também a carteira do Eduardo Barbosa. Claro, com todos os documentos e sempre algum dinheiro. Lá pelo meio da madrugada, Eduardo preocupado liga para o Araújo e fala da falta da carteira. Voltam ao local da fraterna distribuição. Procuram a tal carteira entre os objetos distribuídos e, ufa!!, encontram documentos e dinheiro: final feliz. Lembrou que além de ajudar projetos a proliferarem por todo o país, o GIV fez um diferencial no ativismo ao colocar as pessoas vivendo com o vírus como sujeitos de suas histórias.

Tudo verdade, tudo muito gostoso da gente ouvir porque no fundo é uma grande lição de superação. Meu irmão, o Sérgio me contou uma vez que chegou a freqüentar algumas reuniões do GIV. Lá no começo, quando as diretorias mudavam muito porque ainda não tínhamos o remédio, a realidade mudou. Com ela também o ativismo e o enfrentamento da Aids. Só falou o Claúdio. Nem gestores, nem convidados ilustres presentes. Foi bom desse jeito. Deve ter sido também uma forma de homenagear todos aqueles que ajudaram a construir um ativismo, transparente, digno solidário, humano e acolhedor que resultou na mudança da história da Aids na vida de todos nós que deixou, sim, cicatrizes, mas também mostrou que é possível, ainda nas palavras do Claúdio, “viver e buscar qualidade de vida ou formas para que elas se efetivem “.

Parabéns para o GIV. Tem momentos que a gente precisa mesmo só ouvir para, quem sabe, buscar outros caminhos.


Roseli Tardelli, editora-executiva da Agência de Notícias da Aids