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PRISÃO POR ATUAR NA PREVENÃÃO

21/07/2010 - Agência Aids

Manifesto em Viena critica a prisão de ativista no Usbequistão

Manifesto em Viena critica a prisão de ativista no Usbequistão. Maksim Popov foi condenado a 7 anos por distribuir seringas e matérias sobre homossexualidade

Ativistas da organização não governamental ACT UP-Nova York protestaram nesta quarta-feira, em Viena, contra a prisão do psicólogo Maksim Popov, diretor de uma pequena associação que trabalha para a prevenção do HIV na cidade de Tashkent, no Usbequistão. Os manifestantes querem pressionar as agências e os doadores internacionais para intervirem no caso de Popov.

Segundo os manifestantes, o psicólogo foi preso em janeiro de 2009, quando distribuía seringas descartáveis e materiais informativos para usuários de drogas, atividade adotada por muitos países – incluindo o Brasil, para prevenir o HIV e reduzir os danos das drogas entre os dependentes químicos.

Na Ásia Central e no Leste Europeu, regiões que recebem destaque na Conferência de Aids em Viena, a proporção de casos novos do HIV é a que mais cresce no mundo. O principal meio de transmissão do vírus nessas regiões é o compartilhamento de seringas contaminadas.

Popov teve alguns materiais informativos confiscados enquanto trabalhava, como uma cartilha financiada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) sobre relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo e uso de preservativo.

Esses materias foram citados durante seu julgamento. “A homossexualidade é uma contradição da mente e da moral da sociedade, da religião e dos costumes e tradições do Usbequistão”, informa o processo penal que o condenou por sete anos de reclusão.

Mark Milano, ativista que tem liderado a luta pela liberdade de Popov, disse que está inconformado com os doadores que sustentaram a opinião do psicólogo e que hoje o abandonaram. “A luta contra a aids não terá sucesso se os parceiros locais não batalharem por mudanças e direitos humanos”, comentou.

Milano informa que a associação de Popov foi fundada com apoio da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid); Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e Aids (Unaids); Fundo Global contra a Aids, Tuberculose e Malária; Population Services International (PSI); Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud); e Unicef. “Agora parece que todo mundo esqueceu do importante trabalho que Popov fazia para essas organizações na prevenção do HIV”, disse.

No começo da Conferência em Viena, as agências das Nações Unidas divulgaram um comunicado, mostrando preocupação com a perseguição de ativistas que atuam contra o HIV e aids em países poucos democráticos.

O Usbequistão é uma ex-república soviética da Ásia Central, que faz fronteira com o Afeganistão. Para uma população estimada em 27.3 milhões, tem uma prevalência do HIV de 0,1% entre os adultos, segundo o Unaids. No Brasil, essa prevalência é de 0.6%.

O técnico do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, dirigia até o mês passado o Bunyodkor, clube no Usbequistão.