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Brasileiro comandará ação contra Aids

22/05/2003 - O POVO (CE)

Paulo R. Teixeira coordenará a política de saúde pública da OMS.

Paulo Roberto Teixeira coordenará a política de saúde pública da OMS. A organização implantará em todo o mundo a experiência do Brasil com Aids. O novo diretor da OMS, Jong Lee, que dar ênfase ao tratamento e acesso aos remédios através da produção de genéricos

Paulo Roberto Teixeira tem experiência em programas anti-Aids (Foto: Alcebáides Silva)

O diretor eleito da Organização Mundial da Saúde (OMS), coreano Jong Wook Lee, aposta no brasileiro Paulo Roberto Teixeira para implementar um programa de prevenção e tratamento da Aids em todo o mundo. ''Basta de debates e conversa. Temos que agir. A Aids já é conhecida há 20 anos e ainda não temos um programa mundial contra a doença. É por isso que estou chamando o brasileiro Paulo Roberto Teixeira, pois ele é um dos únicos no mundo que sabe como implementar um programa de tratamento do vírus da Aids em países em desenvolvimento'', afirmou, em Genebra, o coreano, que toma posse em julho no lugar da norueguesa Gro Harlem Brundtland.

Teixeira foi surpreendido com um convite de Lee para que integrasse a equipe que formulará a nova política de saúde pública da OMS. No que se refere à Aids, a entidade usará a experiência brasileira. No Brasil, 150 mil pacientes recebem gratuitamente medicamentos de combate à Aids. ''Teixeira é o homem que a comunidade internacional precisa para que seja implementado um programa real de tratamento da Aids no mundo'', afirmou o futuro diretor.

Lee insistiu que irá ''transformar'' o combate à Aids. O coreano, ao contrário de seus antecessores, defende que os esforços dos governos pobres devem incluir tratamento, não apenas prevenção. ''É óbvio que temos que garantir que todos tenham acesso ao tratamento'', afirmou.

''Será um desafio, mas estou convencido de que temos que fazer com que esses tratamentos também cheguem à África, por exemplo'', disse Lee. Uma das formas para garantir o acesso aos remédios poderia ser o fortalecimento de empresas que produzem medicamentos genéricos, são mais baratos do que os produtos patenteados. Outra alternativa seria negociar com as multinacionais do setor a distribuição de remédios a preços acessíveis.

A Coordenação Nacional de DST/Aids criou um programa de distribuição de cachimbos para dependentes de crack. A estratégia é reduzir o risco de contaminação pelo vírus da hepatite. Pesquisa do Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) com dependentes apontou que 67% estavam contaminados pelo vírus da hepatite B; outros 25% tinham o da hepatite C e 8%, HIV.