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INDETECTÁVEL = INTRANSMISSÍVEL [I=I]

10/10/2017 - GIV

Indetectável = Intransmissível [I=I]

Risco de transmissão do HIV a partir de uma pessoa vivendo com HIV que esteja em Terapia Antirretroviral e conseguiu uma carga viral indetectável por pelo menos 6 meses é inexistente ou insignificante.


RISCO DE TRANSMISSÃO DO HIV A PARTIR DE UMA PESSOA VIVENDO COM HIV QUE TENHA CARGA VIRAL INDETECTÁVEL

Declaração de Consenso

"Pessoas vivendo com HIV em tratamento antirretroviral com carga viral indetectável em seu sangue têm um risco negligenciável de transmissão sexual do HIV. Dependendo das drogas empregadas, pode levar até seis meses para que a carga viral fique indetectável. Supressão viral do HIV contínua e confiável requer a seleção de medicamentos apropriados e excelente adesão ao tratamento. A supressão viral do HIV deve ser monitorada para assegurar tanto os benefícios de saúde pessoal quanto de saúde pública."

NOTA:
Uma carga viral de HIV indetectável somente impede a transmissão do HIV para parceiros sexuais. Preservativos também ajudam a prevenir a infecção pelo HIV assim como outras infecções sexualmente transmissíveis e gravidez. A escolha do método de prevenção para o HIV pode ser diferente dependendo das práticas sexuais de uma pessoa, das circunstâncias e de seus relacionamentos. Por exemplo: se alguém está tendo relações sexuais com múltiplos parceiros ou está em uma relação não monogâmica, pode considerar a utilização de preservativos para prevenir-se de outras ISTs.

Contextualização:
Agora há confirmação baseada em evidências de que o risco de transmissão do HIV a partir de uma pessoa vivendo com HIV ou Aids (PVHA) que esteja em Terapia Antirretroviral (TARV) e conseguiu uma carga viral indetectável no sangue por pelo menos 6 meses é inexistente ou insignificante. O HIV nem sempre é transmitido mesmo com carga viral detectável, mas quando o parceiro com HIV tem carga viral é indetectável, isto não só protege a saúde do soropositivo como também impede novas infecções.

Entretanto, a maioria das pessoas vivendo com HIV ou Aids, agentes de saúde e aqueles em risco potencial de infecção pelo HIV não estão cientes da magnitude da prevenção do HIV que ocorre com um tratamento que funciona. A maior parte das informações sobre o risco de transmissão do HIV é baseada em pesquisas antigas e influenciadas por restrições de agências ou de fundos e também por políticas que perpetuam negatividade sexual, estigma e discriminação em relação ao HIV.

A declaração de consenso acima, abordando o risco de transmissão do HIV por pessoas vivendo com HIV ou Aids que tenham uma carga viral indetectável, é endossada por importantes pesquisadores de cada um dos estudos mais proeminentes que examinaram esta questão. É importante que pessoas vivendo com HIV, seus parceiros íntimos e agentes de saúde tenham informações precisas sobre os riscos de transmissão do HIV a partir dos que obtiveram sucesso na terapia antirretroviral.

Ao mesmo tempo, é importante reconhecer que muitas pessoas vivendo com HIV ou Aids podem não chegar a alcançar o status de indetectável por conta de fatores que limitem acesso a tratamento (exemplos: sistema de saúde inadequado, pobreza, racismo, negação, estigma, discriminação, e criminalização), ou de uso prévio da terapia antirretroviral que tenha resultado em resistência a antirretrovirais ou toxicidade aos medicamentos. Alguns podem escolher não se tratar ou podem ainda não estar preparados para iniciar o tratamento.

O entendimento de que a terapia antirretroviral eficaz previne a transmissão pode ajudar a reduzir estigma ligado ao HIV e encorajar pessoas vivendo com HIV e Aids a iniciar e aderir a um tratamento com antirretrovirais que funcionem.

A declaração a seguir foi endossada, entre outros, por:
- Dr. Michael Brady – Diretor Médico do Terrence Higgins Trust e Infectologista Conselheiro, Londres, Reino Unido;
- Dr. Myron Cohen – Investigador Chefe, HPTN 052; Divisão de Doenças Infectocontagiosas, Escola de Medicina UNC, Carolina do Norte, EUA;
- Dr. Demetre C. Daskalakis, MPH – Encarregado Assistente, Escritório de Prevenção e Controle de HIV/AIDS, Departamento de Saúde e Higiene Mental da cidade de Nova Iorque, Nova Iorque, EUA;
- Dr. Andrew Grulich – Investigador Chefe, Opposites Attract; Chefe do Programa de Prevenção e Epidemiologia do HIV, Instituto Kirby, Universidade de Nova Gales do Sul, Austrália;
- Dr. Jens Lundgren – Co-investigador Principal, PARTNER; Professor, Departamento de Doenças Infecciosas, Rigshospitalet, Universidade de Copenhague, Dinamarca;
- Dr. Mona Loutfy, MPH – Autora principal da Declaração Canadense sobre o HIV e sua transmissão no contexto do direito criminal; Professora Associada, Divisão de Doenças Infecciosas, Hospital do Women’s College, Universidade de Toronto, Toronto, ON, Canadá;
- Dr. Julio Montaner – Diretor do Centro para Excelência em HIV/AIDS da Columbia Britânica; Diretor do IDC Diretor do Programa de Médicos do HIV/AIDS PHC, Vancouver BC, Canadá;
- Dr. Pietro Vernazza – Comitê Executivo, PARTNER; Autor, Swiss Statement 2008, Atualização 2016; Chefe da Divisão de Doenças Infecciosas, Hospital Cantonal de St. Gallen, Suíça

A declaração foi endossada por centenas de organizações pelo mundo.

Original em inglês: https://www.preventionaccess.org/consensus
Consenso divulgado na 9ª Conferência da IAS-Sociedade
Internacional de AIDS em Paris, julho 2017

Observação: Você pode conferir as organizações que endossam o Consenso em:
https://www.preventionaccess.org/community