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Especialista estuda programa global.
21/05/2003 - O ESTADO DE SÃO PAULO
Especialista do PaÃs já estuda programa global contra aids.
Convidado pela OMS quer levar assistência a 3 milhões de pessoas em cinco anos
GENEBRA - Garantir o acesso ao tratamento da aids a 3 milhões de pessoas em todo o mundo em cinco anos. Essa é a tarefa que acaba de ser dada ao chefe do programa de combate àaids do Brasil, Paulo Teixeira, convidado para a equipe de transição do diretor eleito da Organização Mundial da Saúde (OMS), Jong Wook Lee, que assume o cargo no segundo semestre. Em entrevista ao Estado, Teixeira afirmou que o Brasil apenas aplicou no setor princÃÂpios de defesa de direitos humanos assinados pela comunidade internacional há mais de 50 anos.
Estado - O que representa ser escolhido pela nova direção da OMS para montar o programa de combate àaids?
Paulo Teixeira - Essa escolha mostra que o Brasil provou ao mundo que, mesmo em um paÃÂs em desenvolvimento, os governos podem adotar polÃÂticas que atendam a todos os pacientes. O que vamos fazer agora é aplicá-la em uma esfera internacional.
Estado - De que forma?
Teixeira - Nossa experiência mostra que o tratamento é algo viável mesmo nos paÃÂses pobres. Não há por que os paÃÂses pobres se limitarem àprevenção, como alguns especialistas defendem. Teremos que debater ainda com detalhes como faremos para garantir esse tratamento a todos, mas uma das formas será fortalecer a comunidade nos diversos paÃÂses para que participe dos esforços.
Estado - O que exatamente levou a OMS a copiar o modelo brasileiro?
Teixeira - Nosso modelo é apenas a adoção de todos os valores e princÃÂpios universais já existentes. São valores que se referem aos direitos humanos e que, no fundo, garantem nosso bem-estar.
Estado - Qual será o maior desafio ao implementar a experiência brasileira no mundo?
Teixeira - Sem dúvida será a de expandir o número de pessoas que têm acesso ao tratamento contra o vÃÂrus. Hoje, menos de 500 mil pessoas em todo o mundo em desenvolvimento tem acesso gratuito aos medicamentos, 30% das quais vivem no Brasil. A maior preocupação será como adotar um programa que possa expandir esse número. A meta da OMS é de atender 3 milhões de pessoas.
Estado - Quanto custará a universalização da experiência brasileira?
Teixeira - Ainda não sabemos, mas continuamos lutando para mobilizar recursos para o Fundo Global contra a Aids. A OMS e a ONU (Organização das Nações Unidas) já fizeram projeções de que necessitarÃÂamos de algo entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões por ano.
Estado - Por quanto tempo o senhor ficará àdisposição da OMS?
Teixeira - Por oito semanas, que começarão a contar a partir de julho. Mas mesmo nesta semana já estou trabalhando e começando a fazer contatos. (J.C.)