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Prevenção às DST na pré-escola

21/05/2003 - O ESTADO DE SÃO PAULO

Ministérios da Saúde e da Educação discutem modelo.

Governo quer adotar prevenção a doenças sexuais já na pré-escola

Ministérios da Saúde e da Educação discutem modelo utilizado em Cuba, Canadá e Holanda

MARCOS DE MOURA E SOUZA

Aulas de prevenção a aids e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) para crianças de 4 a 6 anos que estão na pré-escola. O que para alguns pode parecer o cúmulo da precocidade é a base de uma proposta que pela primeira vez está sendo discutida pelos Ministérios da Saúde e da Educação.

O objetivo é a criação de uma política nacional de promoção à saúde nas escolas – que iria da educação infantil ao ensino médio. A iniciativa é da Coordenação Nacional de DST/Aids e segue novo modelo de política estimulado pela OMS, já aplicado no Canadá, na Holanda, na Dinamarca e em Cuba. Hoje, em Brasília, representantes das duas pastas se encontram na terceira reunião sobre a proposta.

Há alguns anos especialistas vêm defendendo que prevenção a DSTs e aids e ao uso abusivo de álcool e outras drogas não pode se limitar à adolescência e deve ir além da abordagem específica desses assuntos. “Prevenção envolve o desenvolvimento, desde a infância, de competências para a vida (ou life skills, como diz a OMS) , como assertividade, auto-estima, capacidade de negociação, relações de gênero”, diz a consultora do Ministério da Saúde, Marina Marcos Valadão.

Na prática, afirma ela, as crianças que interiorizam esses conceitos desde cedo têm mais chances de chegar à adolescência menos “vulneráveis”. “O uso de camisinha, por exemplo, depende muito do fato de a mulher se sentir valorizada e exigir que o parceiro use o preservativo sem o medo de ser rejeitada”, diz Marina. É nesse momento que pesam habilidades como assertividade e auto-estima, por exemplo.

Para transmitir essas “competências”, o Ministério da Saúde tem pronto desde janeiro amplo material de apoio a professores que trabalham a partir da educação infantil. Ali, há sugestões de atividades específicas para estimular nos alunos formas de pensar que, no futuro, poderão se traduzir em prevenção. Resta uma afinação de atuação com o MEC para que esse material seja usado pelos professores.

Para Marina, só se deve falar diretamente em camisinha, drogas e aids para crianças de 4 anos se elas perguntarem. E perguntam? “Muito. Elas estão sendo bombardeadas com mensagens erotizadas na TV e nos outdoors e sobre drogas.”

A vice-presidente da Associação Paulista de Prevenção e Tratamento da Aids (Apta), Teresinha Cristina Reis Pinto, que trabalhou na criação de um programa de prevenção para professores da rede municipal, diz que as palestras costumavam ficar lotadas, principalmente pelo pessoal das escolas infantis. “Na nossa cultura não se fala com facilidade de drogas e sexualidade e então sobra para a escola abordar essas questões”, afirma. A Apta promove entre os dias 12 e 15, em São Paulo, a 7.ª Educais, encontro sobre prevenção, sexualidade e violência.