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TRATAMENTO COM ACUPUNTURA

01/02/2004 - Folha de S.Paulo

Nova técnica de acupuntura usa agulha só no pulso e no tornozelo

Uma técnica de acupuntura que permite ao médico usar agulhas apenas no punho e no tornozelo é uma nova alternativa para quem se sente desconfortável em tirar a roupa durante as sessões ou ter o corpo todo espetado.

Segundo o médico Gábor Tomás Fonai, 50, diretor da Amba (Associação Médica Brasileira de Acupuntura) e um dos responsáveis pelo ambulatório de acupuntura do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), o método ainda é novo no Brasil, mas será difundido neste ano a partir de cursos ministrados pela Amba.

A nova técnica permite a colocação de até 12 agulhas, que ficam paralelas à pele. A seguir, trechos da entrevista dada à Folha.

Folha - Quais as vantagens dessa nova técnica?

Gábor Tomás Fonai - Primeiramente, ela expõe menos o corpo do paciente e pode ser aplicada em qualquer posição, com a pessoa deitada, sentada ou em pé. Outra vantagem é que a manipulação nos pulsos e no tornozelo é indolor, não há sensação de peso ou queimação que algumas pessoas relatam no método tradicional. Além disso, desde que fixadas adequadamente, as agulhas podem ficar no corpo do paciente por até 24 horas. A posição das agulhas é diferente da usada na técnica tradicional. Elas são colocadas embaixo da pele, de forma superficial. A técnica é mais segura porque não interfere diretamente em órgãos vitais do corpo. E também é mais prática porque a pessoa pode se movimentar tranqüilamente durante o dia, sem o risco de quebrar a agulha.

Folha - Para quais doenças essa técnica é mais indicada?

Fonai - Há indicação para todas as patologias. Para exemplificar, aplicamos as agulhas no tornozelo para o tratamento de doenças abaixo do diafragma, como cólicas renais, dores de coluna, problemas de fígado, bexiga, próstata, útero, ovários e outras doenças da área. Já as aplicações no punho são para o tratamento de doenças acima do diafragma, como no coração, no pulmão, na cabeça, problemas psiconeurológicos, incluindo enxaqueca e depressão. Um dado importante é o direcionamento da agulha. Se a dor for acima do diafragma, no ombro, por exemplo, a agulha deve ficar direcionada para o ombro.

Folha - Na China e nos EUA, esse tratamento já é bem popular. Por que somente agora começou a ser difundido no Brasil?

Fonai - Talvez por um certo preconceito, um medo de deixar a pessoa com a agulha sem a presença de um médico. Mas a experiência mostrou que a técnica é segura porque a aplicação da agulha é subcutânea. Ela fica paralela à pele. É como ver um peixe nadando sob a água límpida.

Folha - O tempo da terapia e o preço são os mesmos do método tradicional?

Fona - O preço é mesmo, e o tempo vai depender da patologia. Às vezes, é preciso associar a técnica tradicional para que a evolução seja melhor.

Folha - Por muito tempo a acupuntura foi vista com cautela pelos médicos. Isso mudou?

Fonai - Hoje a situação é outra. Temos vários cursos de especialização reconhecidos, ambulatórios em hospitais públicos e trabalhos científicos publicados. Parte do preconceito era porque havia muita gente fazendo acupuntura sem ser médico. Isso preocupava do ponto de vista de higiene e, especialmente, de diagnóstico.