Notícias
Aids: coquetel mais eficiente no Brasil
24/05/2003 - JORNAL DO BRASIL
Resistência do HIV aos medicamentos é uma das menores do mundo.
Estudo aponta que resistência do HIV aos medicamentos no paÃs é uma das menores do mundo
Rafael Pereira - Especial para o JB
Uma pesquisa brasileira coordenada pelo professor-adjunto do Departamento de Genética da UFRJ, AmÃlcar Tanuri, mostrou que a resistência do vÃrus HIV aos remédios do coquetel anti-Aids no Brasil é uma das menores do mundo. Os resultados indicaram uma taxa de 6,6% de resistência aos medicamentos, bem menor do que a de paÃses como EUA (13%), Itália (14%), Canadá (10%) e Inglaterra (12,7%).
Isso se dá pela seguinte razão: um portador, ao receber o coquetel, tem a quantidade de vÃrus no sangue reduzida a nÃveis quase imperceptÃveis, em um tratamento bem sucedido. O problema é que essa quantidade mÃnima é de um vÃrus que foi ganhando resistência aos medicamentos. Se esse vÃrus, mudado e fortalecido, for retransmitido, as chances de o novo contaminado ter um tratamento também bem sucedido serão muito menores. Segundo Tanuri, a eficiência da terapia no Brasil tem a ver com a não-transmissão do HIV.
- A campanha de prevenção do governo federal foi importante para isso. Quem é HIV positivo mudou o hábito. O doente está transmitindo menos o vÃrus para outras pessoas, por estar sendo bem informado dos perigos - disse Tanuri.
O estudo de Tanuri derruba um dos pontos principais da pressão que grupos farmacêuticos estrangeiros estariam fazendo para queimar a reputação dos genéricos brasileiros, como acusa o coordenador adjunto do programa nacional de DST/Aids, Alexandre Grangeiro. Segundo ele, laboratórios internacionais estariam dizendo que o tratamento em massa, sobretudo com o uso de genéricos, estaria criando vÃrus super-resistentes. Isso porque o governo brasileiro não teria condições de promover a adesão da população ao tratamento.
- à um velho preconceito. A experiência brasileira com medicamentos genéricos é bastante positiva. O paÃs é hoje uma referência e isso assusta - afirma Grangeiro.
O Banco Mundial, que financia programas de tratamento contra Aids em paÃses do Terceiro Mundo, irá promover, mês que vem, uma oficina para discutir a resistência aos medicamentos do coquetel. A Coordenação Nacional de DST/Aids vai para este encontro levando o estudo de AmÃlcar Tanuri.
- Seria imprudente dizer que a oficina é resposta ao lobby dos laboratórios. O Banco Mundial está apenas atrás de informações - explica Alexandre Grangeiro.
O pesquisador AmÃlcar Tanuri disse que o pano de fundo da questão que envolve o Banco Mundial é o interesse que a instituição tem de financiar a produção de genéricos em paÃses da Ãfrica aplicando o modelo brasileiro. Segundo ele, Moçambique já está interessado em começar esta produção, o que acarretaria prejuÃzo aos laboratórios internacionais.