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A FALTA DE DINHEIRO PARA TRATAMENTO

05/03/2004 - Reuters

Países ricos não dão dinheiro para combater a Aids

Países ricos estão se mostrando miseráveis no financiamento de um programa que pretende tratar 3 milhões de pessoas de países pobres contra a Aids até fim de 2005, disse na quarta-feira um representante da ONU.
A Organização Mundial da Saúde (OMS, um órgão da ONU) anunciou o programa no ano passado e disse que seriam necessários 200 milhões de dólares em 2004 para que ele decolasse.
Mas até agora não houve doações para esse programa, e só três países -- Grã-Bretanha, Espanha e Suécia -- disseram que estão estudando doações modestas, segundo Stephen Lewis, representante especial da ONU para a questão da Aids na África.
"Esta é a nossa melhor chance em mais de 20 anos para reverter a pandemia", afirmou ele. "Se fracassar, como certamente irá sem os dólares, não sobrarão desculpas, não haverá racionalizações atrás das quais se esconder, não haverá calúnias turvas para justificar a indiferença. Só haverá as valas comuns dos traídos", afirmou.
Como parte do programa, a OMS espera treinar 100 mil pessoas para administrarem medicamentos antivirais em países pobres, disse ele.
Lewis criticou especialmente o grupo dos sete países industrializados mais ricos por gastarem mais dinheiro no orçamento militar do que no combate à Aids em países pobres.
"Não podemos elevar um décimo de um por cento do que estamos gastando na guerra e na reconstrução no Iraque e no Afeganistão para romper a espinha da epidemia", disse ele. O G7 inclui Estados Unidos, Japão, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália e Canadá.
Cerca de 20 milhões de pessoas contraíram Aids nos últimos 20 anos, e 28 milhões delas morreram, das quais 15 milhões na África subsaariana. Comunidades inteiras foram destruídas, e 14 milhões de pessoas perderam pai e/ou mãe, segundo dados da ONU.