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REMÉDIO MAIS BARATO

07/06/2004 - O Globo

Farmácias populares enfim saem do papel

Embora tenha anunciado em discurso que o programa Farmácia Popular não tem critérios político-partidários, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou usando ontem a solenidade que marcou o início do cumprimento desta promessa de campanha, em Salvador, para dar uma ajuda à candidatura do deputado do PT Nélson Pellegrino a prefeito da cidade. O governador da Bahia, Paulo Souto, e o prefeito de Salvador, Antonio Imbassahy, ambos do PFL, que estavam ao lado de Lula no palanque, foram vaiados pela claque petista. Após a inauguração, Lula caminhou com Pellegrino até bem perto do alambrado para cumprimentar populares.
O maior adversário de Pellegrino é o senador César Borges (PFL), representante do grupo do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL). Lula destacou que as prefeituras parceiras na instalação das primeiras 17 farmácias não foram escolhidas de acordo com o partido, citando duas do PFL (Salvador e Rio de Janeiro) e duas do PT (São Paulo e Goiânia), onde foram inauguradas também ontem as primeiras unidades.
— O que interessa para nós é saber se o que estamos fazendo está de acordo com os interesses e com a necessidade da população. Por coincidência, duas cidades governadas pelo PT e duas governadas pelo PFL. E o critério da escolha foi muito simples. Foi o critério dos prefeitos que se comprometeram a participar do processo da Farmácia Popular — disse Lula.

Lula destaca tratamento

O presidente disse que a Bahia tem sido muito bem tratada pelo governo federal, sendo o estado que tem o maior número de cadastrados no Bolsa Família: 557 mil no estado e 80 mil em Salvador, faltando cerca de 27 mil famílias para atingir a meta estabelecida para a Região Metropolitana de Salvador.
— Para nós do governo federal, o que importa são as necessidades do povo e não o partido que governa este ou aquele estado da Federação. Muito melhor é fazermos as coisas quando o governador demonstra interesse em fazê-las, quando o prefeito demonstra interesse em fazer e quando nós temos o apoio, como nós tivemos, aqui, desse querido povo — disse Lula.
Apesar dos elogios de Lula e do ministro da Saúde, Humberto Costa, à parceria com o PFL, a cerimônia se transformou num palanque para Pellegrino. Os manifestantes que estavam no prédio das Obras Sociais Irmã Dulce, a maioria petistas, vaiavam Imbassahy e Souto sempre que seus nomes eram citados. Os pefelistas estavam no palanque oficial e apenas riam.
Em contrapartida os manifestantes aplaudiam e gritavam o nome de Pellegrino. O nome do ex-líder do PT na Câmara foi citado pelo cerimonial, mas ele ficou ao lado do palanque oficial.

Convivência harmônica

Após a solenidade, Lula participou de um almoço com ministros e parlamentares petistas, entre eles Pellegrino. O presidente voltou a defender Humberto Costa. À tarde, na Assembléia Legislativa, o clima foi de cordialidade mais uma vez com os pefelistas.
— São duas pessoas com quem aprendi a conviver respeitosamente. São pessoas que fazem política civilizada e aprenderam a conviver na adversidade — disse Lula.