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TRANSFUSÃO DE SANGUE

13/06/2004 - Agência EFE

OMS alerta sobre o difícil acesso em países pobres

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse hoje, quarta-feira, em Genebra, que 82 por cento da população mundial, que vive nos países em desenvolvimento, não tem acesso regular e seguro às transfusões de sangue.
No lançamento do Dia Mundial de Doadores de Sangue, que a partir deste ano será lembrado em 14 de junho, especialistas da organização disseram que muitas regiões pobres registram uma elevação no número de doentes e, portanto, precisam de um abastecimento eficiente e permanente de sangue e de seus derivados.
No entanto, dos 80 milhões de bolsas de sangue doadas anualmente no mundo, "apenas 38 por cento são obtidos nos países em desenvolvimento", onde vivem 82 por cento de habitantes do mundo.
A falta de sangue "não contaminado", lembra a agência das Nações Unidas, aumenta as taxas de mortalidade, e as transfusões de risco são particularmente graves para as mulheres que apresentam complicações durante a gravidez e para as crianças que sofrem de anemias graves.
Entre as principais doenças que podem ser transmitidas por transfusão estão a Aids, as hepatites B e C e a sífilis, detectadas principalmente entre as pessoas que recebem dinheiro para doar sangue.
Por isso, a especialista da OMS Neelam Dhingra garantiu que a melhor forma de prevenir doenças nos bancos de sangue ou em transfusões diretas é "o aumento de doadores voluntários regulares com boa saúde e sem que recebam nenhum tipo de pagamento".
Uma pesquisa realizada pela organização internacional mostra que 20 países não garantem totalmente a ausência do HIV, da mesma forma que 24 com as hepatite B e C e outros 24 com a sífilis.
Perguntada sobre quais são esses países, Dhingra disse à imprensa que se tratava de "informação confidencial que eles deram à OMS", que se comprometeu a "reservá-la".
A OMS calcula que por ano cerca de 260 mil pessoas são contamindas pelo vírus da Aids em transfusões de risco. A especialista afirmou, no entanto, que em todos os países industrializados a qualidade do sangue está totalmente garantida.
"Os doadores voluntários são mais seguros porque não têm nada a esconder, por não esperarem receber algo em troca", informou Dhingra, que disse que uma pessoa de aparência saudável e sem sintomas visíveis pode ser transmissora de infecções.
O levantamento da organização internacional também revelou que a maioria de países ainda não conta com uma entidade nacional responsável pelas transfusões sangüíneas e que menos de 30 por cento dispõem de serviços bem organizados.
Na grande maioria de países pobres se depende das doações remuneradas e de reposição familiar (um parente do doente deve substituir as bolsas de sangue doadas).
A OMS estima que há 12 vezes mais doações nos países ricos que nos pobres, o que atribui à falta de informação e de consciência nas pessoas mais pobres. "A maioria de doadores nos países em desenvolvimento doa sangue apenas uma vez", disse a especialista, depois de informar que nas nações industrializadas "a qualidade dos sistemas de doação é mais elevada e os doadores se sentem confiantes".
Sobre os doadores infectados durante a transfusão, o diretor de Tecnologias Médicas da OMS, Steffen Groth, disse que esses casos ocorrem geralmente em lugares onde as seringas são usadas mais de uma vez.