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O TRATAMENTO NO BRASIL

16/06/2004 - DIÃRIO DE SÃO PAULO

Adesão ao coquetel anti-Aids aumenta 46% em cinco anos

Em 1999, 50% dos soropositivos do Estado optavam pelo tratamento. Agora, o índice chega a 73% dos portadores, segundo estudo da USP

Um estudo inédito, realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp), demonstrou que 73% dos portadores brasileiros do vírus HIV seguem corretamente o tratamento. O resultado é semelhante ao de países desenvolvidos como os Estados Unidos e Espanha. Realizada em sete estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Pará), durante um ano e meio, a pesquisa mostrou que esse índice de soropositivos consegue tomar 95% ou mais do total de comprimidos que deveriam ser ingeridos.
“Em 1999, três anos após a chegada do coquetel anti-Aids no Brasil, realizamos um estudo só em São Paulo para avaliar como os pacientes estavam se tratando. Na época, a taxa de adesão era de 50%. Agora, percebemos um aumento significativo (46%) e em todo o país”, comemora a sanitarista Maria Inês Battistella Nemes, coordenadora do estudo.
Segundo a médica, uma série de fatores explicam o avanço. “Podemos atribuir esse resultado ao progresso dos medicamentos (menos efeitos colaterais), à distribuição dos remédios na rede pública e ao investimento nas equipes multidisciplinares dos centros de atendimento”, afirma. A equipe Qualiaids do Departamento de Medicina Preventiva da Fmusp entrevistou 1.972 pacientes infectados pelo vírus HIV, em 322 serviços. Juntas, estas unidades atendiam 72% do total de pacientes (93 mil) em tratamento no país.
Já os motivos que mais levam ao abandono ou ao seguimento incorreto da terapia são a baixa escolaridade e os esquemas complexos de tratamento (muitos comprimidos por dia e com reações adversas presentes). “Quando falamos em escolaridade, estamos nos referindo a menos de dois anos de estudo”, diz Maria Inês, lembrando que a via de transmissão da doença (uso de drogas injetáveis, relação sexual etc) não interfere no tratamento.