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VACINA CONTRA O HIV

22/06/2004 - TRIBUNA DA IMPRENSA (RJ)

Brasileiros vão participar de teste de vacina contra Aids

Os brasileiros vão participar, pela terceira vez, de testes para uma vacina contra a Aids. Financiado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, o estudo analisa a eficácia de um imunizante que, em macacos, conseguiu evitar ou retardar a infecção pelo HIV. O recrutamento dos 48 voluntários, realizado apenas no Rio e em São Paulo, já começou.swiss replica watches

Produzida a partir de pedaços do adenovírus (vírus do resfriado comum) e do HIV, a vacina provoca uma resposta do sistema de defesa do organismo, que passa a reconhecer o vírus da Aids como invasor. A primeira fase da pesquisa em seres humanos apresentou resultados promissores, diz o coordenador dos testes do imunizante no Rio, o infectologista Mauro Schechter, do Laboratório de Pesquisas em Aids do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
"Durante a etapa inicial, quando foi testada a segurança do imunizante, nenhum dos voluntários apresentou efeitos colaterais que possam ser considerados graves", revelou, destacando que toda vacina ou medicamento produz algum efeito adverso, por menor que seja. A pesquisa, realizada em cinco partes do mundo, está agora na segunda fase, na qual será testada a resposta imunológica à vacina.
Segundo Schechter, se em humanos a vacina responder com a mesma eficácia apresentada nos macacos, será possível dar um importante passo na redução do número de pessoas que desenvolvem a doença. "Ainda que não evite a infecção, ou seja, não represente uma cura para a Aids, pode causar uma modulação da infecção. Com isso, mesmo que o organismo seja contaminado pelo vírus, é em quantidade muito pequena, insuficiente para o surgimento da doença".
A redução da carga viral, acrescenta o pesquisador, é mais um empecilho para a transmissão da aids. "Há dados que indicam que existe uma correlação entre a probabilidade de transmitir a doença e a carga viral. Nos macacos, a vacina diminuiu em muito a carga viral. Por tabela, o imunizante vai ter um enorme impacto, já que poderá reduzir a transmissão".
Voluntários do estudo precisam ser saudáveis e ter entre 18 e 50 anos. "Não podem ser soropositivos", disse Schechter, esclarecendo: "Não há nenhum risco de o voluntário ser infectado pelo HIV por causa dos testes, pois a vacina não contém o vírus, apenas uma imitação sintética de um pedaço do HIV". A seleção está sendo feita no Projeto Praça XI, coordenado por Schechter e, em São Paulo, no Centro de Referência e Treinamento DST/Aids (CRT-Aids) e na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Tentativas

O primeiro teste para uma vacina contra Aids foi realizada no Brasil em 1995. O estudo, uma parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), reuniu 30 voluntários, mas o imunizante V-108 não conseguiu induzir a produção de anticorpos contra o HIV. Em 2001, pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Aids do Hospital Clementino Fraga Filho aplicou testes associando duas vacinas, a CanaryPox e a VaxGen.
Segundo Schechter, os testes de segurança e resposta imune apresentou resultados "dentro do esperado". "Agora, variações delas estão sendo testadas em 16 mil voluntários na Tailândia, em um projeto coordenado pelo Exército Americano", afirmou.