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DIETA BALANCEADA

23/09/2004 - Agência Aids

Reduz efeitos colaterais dos anti-retrovirais

A lipodistrofia é uma redistribuição de gordura no corpo que tem acometido as pessoas que vivem com HIV/AIDS, principalmente aquelas que estão em tratamento com os anti-retrovirais. O rosto, a barriga, a região da parte de trás do pescoço e os membros inferiores são os locais em que a doença se manifesta. Alguns especialistas já a caracterizam como a nova cara da Aids. Para o Dr. Jamal Suleiman, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, a lipodistrofia marca uma nova fase da doença e é um dos efeitos adversos da epidemia que mais afetam a auto-estima do portador. “A lipodistrofia é uma condição que desfigura o indivíduo e pode reduzir a adesão do paciente ao tratamento”, afirmou o infectologista. Para melhor discutir esse tema, que tanto atrapalha a vida dos soropositivos, o Grupo de Incentivo à Vida (GIV), organizou a palestra Lipodistrofia e Alterações Metabólicas em pessoas vivendo com HIV/AIDS. O evento também contou com a participação de especialistas da Faculdade de Medicina da USP e do Hospital Emílio Ribas. As alterações da insulina e as mudanças lipídicas (colesterol, triglicérides) e a importância de uma dieta balanceada para diminuir os efeitos colaterais provocados pelos anti-retrovirais foram abordados pelos palestrantes.
O primeiro relato na literatura médica sobre a lipodistrofia em portadores do HIV foi em 1998. Pesquisas revelam que a prevalência entre as pessoas que vivem com a doença situa-se entre 20 a 80% dos casos. Essa grande variação se deve ao fato de não existir uma definição objetiva para caracterizar a doença, uma vez que ainda se sabe pouco sobre esta enfermidade, segundo o Dr. Jamal.
As técnicas usadas para reverter o quadro da lipodistrofia são a lipoaspiração, quando ocorre o acúmulo de gordura, e o metracrilato, quando há perda de gordura. Esses procedimentos ainda não são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pois esbarram, segundo o Dr. Jamal, na área estética. Porém, durante o XII Encontro Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids, realizado entre 10 e 12 de setembro no Rio de Janeiro, o diretor do Programa nacional de DST/AIDS, Pedro Chequer, informou que em breve o SUS fará cirurgias reparadoras para as pessoas com lipodistrofia.
Outras formas de enfrentar a doença são a observação de uma alimentação balanceada e a prática regular de exercício físico, ressaltaram os especialistas. Além de ajudarem no combate à lipodistrofia, essas duas práticas diminuem a chance de acidentes cardiovasculares entre os portadores do vírus HIV. Em virtude dos efeitos trazidos pelos anti-retrovirais, os pacientes de Aids têm sofrido grandes alterações nas taxas de colesterol e triglicérides.
Cerca de 50 pessoas participaram do encontro. Para Laerte Vicente, freqüentador do GIV, o evento foi muito bom e esclarecedor. “Agora tenho mais conhecimento e vou poder me preparar melhor para enfrentar os efeitos colaterais”, frisou. Segundo Tácito Molica, outro integrante do Grupo de Incentivo à Vida, a alimentação é a grande chave da questão.