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PEDRO CHEQUER: BRASIL VAI INVESTIR MAIS

12/10/2004 - Agência Aids

Em medicamentos para manter qualidade da assistência

Pela segunda vez dirigindo o Programa Nacional de DST/AIDS (PN-DST/AIDS), órgão brasileiro reconhecido mundialmente, o sanitarista e epidemiologista Pedro Chequer atuou contra a epidemia em diferentes governos federais. No último mês, quando acabara de assumir a pasta, Chequer falou à Agência de Notícias da Aids sobre os principais desafios atuais. Nessa sexta-feira, 8, durante o 2º Seminário do Conselho Empresarial Nacional para Prevenção ao HIV/AIDS, o diretor voltou a falar com a Agência de Notícias da Aids. Ele destacou a história do PN-DST/AIDS; necessidade de manter a qualidade da assistência; Dia Mundial de Luta Contra a Aids e o investimento na cooperação externa.

História do PN-DST/AIDS

O Programa foi criado nos anos 80, quando o ministro (da Saúde) era o Roberto Santos. No início do governo Collor (Fernado Collor de Mello) houve uma fase difícil, mas com a chegada do Dr. Adib Jatene, nós costumamos dizer que o PN-DST/AIDS foi ressuscitado. Ele (Jatene) foi um dos grandes responsáveis pela mudança e fortalecimento do PN-DST/AIDS, pois criou ações nos Estados e municípios, de forma consistente. E isso possibilitou que, durante a gestão do ministro (da Saúde) Seixas (José Carlos Seixas), fosse implementado o acesso universal ao tratamento anti-retroviral. Devemos lembrar que essa iniciativa foi do ex-presidente Sarney (José Sarney), quando era senador. Considero como marco referencial no PN-DST/AIDS, o acesso ao tratamento anti-retroviral, cujos méritos remetem-se ao Sarney.

Atualmente, vejo que as principais ações contra a epidemia da Aids tiveram continuidade. Durante vários anos, independente da mudança de direção ou de governo, o PN-DST/AIDS manteve uma linha coerente, científica, séria e de compromisso social. Agora temos uma nova realidade da epidemia e, para encarar essa realidade, é necessário ampliar as estratégias que estão dando certo e procurar novas alternativas para responder aos problemas atuais. Uma questão que considero fundamental é fazer com que as ações, nas áreas de prevenção e assistência, cheguem aos Estados e municípios de todo o país.

Devido a todas essas fases no PN-DST/AIDS, acredito que o sucesso tem que ser reconhecido como um todo. Não em apenas um ou dois anos. Foi um programa que começou no anos 80, com a Dra. Lair Guerra (Lair Guerra de Macedo Rodrigues) - fundadora do PN-DST/AIDS, e continua até hoje. Mas ainda não consideramos o combate da Aids como uma missão cumprida. Temos que ampliar e melhorar em muitas áreas. Para que isso aocnteça, a sociedade terá papel fundamental. Ela precisa continuar atuando em parceria com o governo.

Qualidade da assistência

Acredito que ainda precisamos encontrar alternativas para transformar o PN-DST/AIDS sustentável. Refiro-me basicamente a produção de insumos para diagnóstico e medicamentos anti-retrovirais, assim como no monitoramento dos pacientes. O Brasil, hoje, produz apenas oito, das 16 drogas que estão no consenso terapêutico. Mas há necessidade de avançar. Temos como perspectivas, para até o final de 2005, produzir muito mais medicamentos. Com isso, teremos uma redução na nossa dependência de importação, que possibilitará uma economia ao governo. Mas é necessário destacar que a qualidade da assitência prestada aos portadores do HIV/AIDS é prioridade.

Dia Mundial de Luta Contra a Aids (1º de dezembro)

Nossa proposta é fazer com que a campanha para o Dia Mundial de Luta Contra a Aids seja estendida por todo ano, mas sabemos que isso é difícil. O foco principal deste ano será às mulheres heterossexuais, pois queremos fortalecer a população feminina. Para que isso aconteça, vamos trabalhar com a negociação do preservativo e a relação da Aids com o machismo e com a desigualdade de gênero. Assim como todo ano, a campanha que será centralizada no 1º de dezembro prevê ações, em todo o país, com apoio da sociedade civil. Entretanto, para 2004, nós estamos preparando um evento especial, em Brasília, que terá a participação de ministras e autoridades femininas para destacar a participação das mulheres nessa luta.

Cooperação Externa

Há mais ou menos um mês, o Ministério da Saúde tomou a decisão de ampliar a colaboração com outros países. Principalmente na área de assistência. Hoje, estamos trabalhando com seis países irmãos, onde os cidadãos desses países terão os mesmos direitos que os cidadãos brasileiros, em relação ao acesso dos medicamentos. (O PN-DSTAIDS anunciou recentemente que vai fornecer tratamento integral a pessoas vivendo com Aids em Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Timor Leste, Paraguai e Bolívia) O Brasil não vai vender medicamentos, vai colocar a disposição para todos aqueles que precisam de tratamento. Isso vai criar um aspecto positivo ao país e, principalmente, para essas nações que dificilmente teriam condições de suprir o tratamento de todos os portadores do HIV/AIDS. Futuramente, esses países vão poder, com recursos próprios ou com apoio de organizações internacionais, manter o acesso ao tratamento, sem a ajuda brasileira.