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REDUÃÃO DE 0,9% DO PRODUTO INTERNO BRUTO

12/10/2004 - Agência Aids

Segundo OIT 41 países diminuíram PIB devido epidemia da AIDS

Um estudo realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 41 países revela que a epidemia da Aids causou uma redução anual de 0,9% no Produto Interno Bruto (PIB) das nações pesquisadas. A doença também foi responsável por uma perda de US$ 17 bilhões por ano, revelou o estudo desenvolvido entre os anos 1992 e 2002. Estes dados foram apresentados por Dr. Pedro Cheque, Diretor do Programa Nacional de DST/AIDS, do Ministério da Saúde, no 2º Seminário do Conselho Empresarial Nacional para a Prevenção ao HIV/AIDS – Brasil (CEN AIDS).
Os países com maior prevalência da epidemia, como os da África Sub-saariana, Ásia Central, Caribe apresentaram um menor crescimento econômico. Segundo Dr. Pedro Chequer, a Aids compromete o desenvolvimento e afeta diretamente o trabalhador e sua família, além de comprometer sua produção econômica.
As perdas relacionadas a Aids podem ser percebidas em diferentes áreas produtivas. Na África do Sul, um dos países mais afetados, ela está comprometendo todo o sistema educacional. Isto porque muitos professores morreram em decorrência da doença e é necessário tempo para repor esta mão de obra, explica Chequer. Ele também apresentou dados dos efeitos da epidemia no sistema de saúde e na agricultura. Em Moçambique, por exemplo, há uma grande carência de profissionais nesta área, muitos faleceram em decorrência da Aids. O impacto na mão de obra da agricultura também é assustador. “Sete milhões de trabalhadores da terra morreram por causa da doença, no período entre 1985 e 2000, mostrou o estudo da OIT. E as projeções apontam que até 2020, este número pode chegar a 16 milhões”, afirmou Chequer. Tantas perdas têm agravado a situação alimentar em muitos países, frisou o Diretor do Programa de Aids.
O estudo da OIT estima que 36,5 milhões de portadores do HIV/AIDS desenvolvam alguma atividade produtiva, isto porque epidemia atinge principalmente pessoas na faixa etária entre 15 e 49 anos. No Brasil o impacto da Aids no setor produtivo não é tão grande, primeiro porque a prevalência nacional é baixa, (0,6% da população, com 310 mil casos notificados), segundo pela política de distribuição universal de anti-retrovirais, explicou Pedro Chequer.
Para o diretor do Programa nacional de DST/AIDS, o país ainda precisa travar algumas lutas contra a epidemia. Entre elas: desenvolver ações de prevenção para os trabalhadores rurais (para evitar um crescimento nesta população, hoje pouco atingida, devido à característica da doença no país que é majoritariamente urbana), aperfeiçoar a legislação atual no que se refere aos direitos dos portadores do HIV, ampliar as ações do CEN para as pequenas e médias empresas, levar informações de prevenção a caminhoneiros, portuários, mineiros e outras atividades do setor informal e sensibilizar os trabalhadores de empresas que atuam em rede, como Herbalife, Avon, Natura, entre outras.