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UMA PROTEÃNA CONTRA O HIV

18/10/2004 - EFE

Cientistas suíços criam proteína que poderia proteger contra HIV

Uma equipe de cientistas suíços, dirigidos pelo professor britânico Robin Offord, criou uma proteína sintética que poderia proteger contra a infecção e a transmissão do vírus que causa a aids.
O professor Offord e sua equipe, que fizeram as experiências nos laboratórios da Universidade de Genebra, trabalharam durante sete anos dando a macacos dessa molécula microbicida, denominada PSC-RANTES, informa nesta sexta-feira o jornal "La Tribune de Geneve".
Além disso, afirma que se espera que o primeiro experimento em humanos seja feito ao longo dos próximos doze meses, embora um tratamento ativo possa tardar anos em chegar ao público.
O jornal afirma que o produto foi concebido pensando nos países em desenvolvimento e para que seja utilizado por mulheres.
A equipe de cientistas realizou seus experimentos no departamento de Biologia estrutural e de Bio-informática da Faculdade de Medicina da universidade de Genebra, e seus resultados serão publicados na revista americana "Science".
O professor Offord, em declarações ao "La Tribune", disse que "a particularidade desta proteína é que ela pode ser utilizada como um microbicida. Ou seja, como uma substância que, em forma de espuma ou de creme, poderia ser aplicada sobre as mucosas dos órgãos genitais para prevenir a infecção pelo vírus da aids".
A eficácia do tratamento se prolongará durante 24 horas, disse o pesquisador.
Ele acrescentou que os experimentos realizados em fêmeas de macacos em um laboratório da Louisiana (EUA) detectaram que os animais que tiveram a PSC-RANTES aplicadas não foram infectados pelo vírus do HIV.
Essa proteína criada artificialmente é derivada de outra humana (RANTES), que tem características antivirais e é uma substância secretada pelo corpo humano em pequenas quantidades.
A proteína RANTES, por exemplo, é a encarregada de ordenar que os glóbulos brancos reajam quando o corpo sofre uma ferida.
Funciona fixando-se à superfície do glóbulo mediante um pequeno receptor (CCR5). Os cientistas descobriram em 1996 que o vírus que causa o HIV utilizava esse receptor para colocar seu genoma no interior da célula e contaminá-la.
O professor Offord afirmou que o tratamento futuro será dirigido principalmente "às populações dos países em desenvolvimento, onde se contabilizam atualmente 95% das infecções vinculadas ao HIV".
Atualmente, há 38 milhões de pessoas no mundo que são portadoras do vírus da aids.
O cientista disse também ao jornal genebrês que, assim que esse produto cheguar ao público, seu custo previsto nos países industrializados será aproximadamente o mesmo do dos preservativos.
Os experimentos de Offord e sua equipe foram financiados pelo Fundo Nacional Suíço para a Pesquisa Científica (FNRS), assim como pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA e a empresa biotecnológica americana Greyphon Terapeutics.