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PROTEÃNA CONTRA AIDS

20/10/2004 - www.terra.com.br

Cientistas suíços criam proteína que poderia proteger contra HIV

Uma equipe de cientistas suíços, dirigidos pelo professor britânico Robin Offord, criou uma proteína sintética que poderia proteger contra a infecção e a transmissão do vírus que causa a aids.
O professor Offord e sua equipe, que fizeram as experiências nos laboratórios da Universidade de Genebra, trabalharam durante sete anos dando a macacos dessa molécula microbicida, denominada PSC-RANTES, informa nesta sexta-feira o jornal "La Tribune de Geneve".
Além disso, afirma que se espera que o primeiro experimento em humanos seja feito ao longo dos próximos doze meses, embora um tratamento ativo possa tardar anos em chegar ao público.
O jornal afirma que o produto foi concebido pensando nos países em desenvolvimento e para que seja utilizado por mulheres.
A equipe de cientistas realizou seus experimentos no departamento de Biologia estrutural e de Bio-informática da Faculdade de Medicina da universidade de Genebra, e seus resultados serão publicados na revista americana "Science".
O professor Offord, em declarações ao "La Tribune", disse que "a particularidade desta proteína é que ela pode ser utilizada como um microbicida. Ou seja, como uma substância que, em forma de espuma ou de creme, poderia ser aplicada sobre as mucosas dos órgãos genitais para prevenir a infecção pelo vírus da aids".
A eficácia do tratamento se prolongará durante 24 horas, disse o pesquisador.
Ele acrescentou que os experimentos realizados em fêmeas de macacos em um laboratório da Louisiana (EUA) detectaram que os animais que tiveram a PSC-RANTES aplicadas não foram infectados pelo vírus do HIV.
Essa proteína criada artificialmente é derivada de outra humana (RANTES), que tem características antivirais e é uma substância secretada pelo corpo humano em pequenas quantidades.
A proteína RANTES, por exemplo, é a encarregada de ordenar que os glóbulos brancos reajam quando o corpo sofre uma ferida.
Funciona fixando-se à superfície do glóbulo mediante um pequeno receptor (CCR5). Os cientistas descobriram em 1996 que o vírus que causa o HIV utilizava esse receptor para colocar seu genoma no interior da célula e contaminá-la.
O professor Offord afirmou que o tratamento futuro será dirigido principalmente "às populações dos países em desenvolvimento, onde se contabilizam atualmente 95% das infecções vinculadas ao HIV".
Atualmente, há 38 milhões de pessoas no mundo que são portadoras do vírus da aids.
O cientista disse também ao jornal genebrês que, assim que esse produto cheguar ao público, seu custo previsto nos países industrializados será aproximadamente o mesmo do dos preservativos.
Os experimentos de Offord e sua equipe foram financiados pelo Fundo Nacional Suíço para a Pesquisa Científica (FNRS), assim como pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA e a empresa biotecnológica americana Greyphon Terapeutics.


O GLOBO

WASHINGTON. Uma proteína que existe normalmente no sistema de defesa humano se mostrou uma arma poderosa contra o vírus da Aids, o HIV, em testes com macacas. A proteína teve seus efeitos potencializados e foi usada como principal componente de um germicida vaginal, se mostrando capaz de matar o HIV em questão de minutos.
Num artigo publicado na edição de hoje da revista “Science”, pesquisadores disseram que se os resultados obtidos agora forem reproduzidos em mulheres, estas terão a seu dispor a primeira forma efetiva para evitar o contágio pelo HIV. Hoje, muitas mulheres são contaminadas porque seus parceiros se recusam a usar preservativos. Além disso, a chamada camisinha feminina não tem boa aceitação. As mulheres são o grupo onde a Aids mais tem se propagado nos últimos anos. A epidemia afeta 43 milhões de pessoas e já matou 25 milhões em todo o mundo.
O creme também poderia ser usado por homens. O estudo foi liderado por cientistas da Universidade de Genebra, na Suíça. Eles testaram a ação do germicida contra o vírus símio da Aids, o SIV. A base do creme é uma proteína chamada Rantes. Ela tem a capacidade de fechar a porta de entrada do HIV em células do sistema imunológico chamadas CD4, os principais alvos da Aids. As portas fechadas pela Rantes chamam-se receptores de CCR5. Pessoas que não têm CCR5 são praticamente imunes ao HIV.
Por enquanto, o custo do composto ainda é muito elevado. Os cientistas frisaram que serão necessárias novas etapas de estudo antes que ele possa ser usado por seres humanos.


FOLHA DE SÃO PAULO

Substância fabricada por americanos e suíços impediu o contágio vaginal do parasita e será testada em humanos

Cientistas nos EUA e na Suíça desenvolveram um meio de trancar a porta de entrada do organismo para o HIV, o vírus causador da Aids, e evitar o contágio vaginal da doença. Trata-se de um importante avanço, mas eles advertem: os testes da droga, por ora, só foram feitos em símios.
Destruir o vírus continua sendo missão impossível. Então, o grupo liderado por Michael Lederman, da Case Western Reserve University (EUA), Ronald Veazey, do Centro Nacional Tulane de Pesquisa de Primatas (EUA), e Robin Offord, da Universidade de Genebra (Suíça), buscou uma estratégia mais sutil, divulgada hoje na revista americana "Science" (www.sciencemag.org).
"A droga é um inibidor de "entrada". Ela só impede o encaixe molecular do vírus, mas não chega a destruir ou danificar o envelope viral", diz Offord.
Em termos mais simples: a droga é o equivalente molecular daquele segurança "armário" que fica na porta das festas afugentando os penetras. Ele se coloca na frente de uma das principais portas de entrada do HIV no organismo -um receptor chamado CCR5, que fica na superfície das células. Aí, como está na frente, impede o vírus de se ligar a esse receptor e entrar.
Foram testadas 30 macacas resos; 25 receberam a tal substância, chamada PSC-RANTES, em diferentes concentrações e 5 receberam apenas soro fisiológico. A aplicação foi direta, intravaginal.
Quinze minutos após a aplicação, os cientistas expuseram as macacas a uma linhagem do vírus SHIV, uma mistura do conhecido HIV com o SIV, seu equivalente símio. O resultado: dos cinco animais de controle, sem proteção alguma, quatro foram infectados. Já os cinco que receberam a maior dose da droga foram todos protegidos contra a infecção.
Com o sucesso, os pesquisadores já pensam agora em levar a droga aos testes com humanos. "A primeira coisa, depois que todos os testes de segurança em laboratório forem feitos, será pegar um pequeno grupo de voluntários que não estejam sob risco de infecção e fazê-los usar o material para procurar possíveis efeitos colaterais", diz Offord.
Embora seja uma boa notícia para o futuro controle do espalhamento da Aids, é bom não se entusiasmar demais. "Mesmo que consigamos levar um medicamento barato e efetivo ao mercado -o que ainda está há anos de distância-, ele nunca será tão eficiente quanto uma camisinha", diz Veazey. "Não se engane quanto a isso: camisinhas sempre serão melhor proteção contra a Aids e outras doenças do que um composto aplicado na vagina."
"O lugar em que a epidemia está se espalhando mais rápido é a África (com a Ásia em segundo), e ambos têm regiões dominadas por homens ou em que práticas culturais/religiosas impedem o uso de preservativo. Essas substâncias são um meio de permitir que as mulheres se protejam."