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TÉCNICA QUE ELIMINA HIV DO ESPERMA

27/10/2004 - Agência Aids

A possibilidade de gerar filhos sadios

A possibilidade de casais sorodiscodantes terem filhos sem que ocorra a infecção do feto é destaque no jornal O Estado de S.Paulo nesta quarta-feira, 27. A reportagem da jornalista Clarissa Thomé informa sobre um estudo desenvolvido na Itália com 44 casais. O resultado final do estudo revelou que 22 mulheres, ao adotarem uma técnica específica de fertilização, conseguiram engravidar e não tiveram seus filhos infectados pelo HIV e pelo vírus da hepatite C.
Uma técnica de fertilização assistida permite que homens HIV positivos ou portadores do vírus da hepatite C tenham filhos saudáveis, sem infectar suas mulheres. O médico italiano Luca Mencaglia, que coordena o Centro de Reprodução Humana de Florença, fez um estudo com 43 casais. Desses, 22 conseguiram engravidar e os bebês, aos 3 meses de vida, não tinham aids nem hepatite C.
A técnica consiste em preparar o esperma para diminuir ao máximo a possibilidade de transmissão do vírus, explica a embriologista Patricia Falcone, que foi assistente de Mencaglia na pesquisa. Patricia e Mencaglia estão no Brasil para apresentar o estudo amanhã, no Hospital Barra D’Or, no Rio, que inaugura seu centro de fertilidade. "É uma técnica muito específica, em que os espermatozóides são centrifugados, o que permite a eliminação do plasma seminal, rico em vírus", diz Patricia. A partir daí, os espermatozóides passam por lavagem e filtragem. Uma amostra do esperma já tratado é testada, para garantir que ele está livre de vírus.
Numa segunda etapa, os médicos utilizam a técnica de fertilização assistida chamada de injeção intracitoplasmática do espermatozóide (ICSI), em que somente um espermatozóide é selecionado e, então, colocado diretamente no óvulo. "É uma técnica complexa, que existe desde 1992, e usada quando os homens produzem pouquíssimos espermatozóides. Nesse caso (da pesquisa), ela é indicada porque os homens não podem manter relações sexuais com as parceiras sem proteção, sob risco de contaminá-las", explica a médica Maria Cecília Erthal, coordenadora do Centro de Fertilidade da Rede D’Or, que está capacitado para oferecer a técnica estudada por Mencaglia.

MÉDIA

Entre os 43 casais que participaram do estudo, o homem era HIV positivo em 25 deles. Em 10 casais, o marido era portador tanto do HIV quanto do HCV (vírus da hepatite C). E em 8 o marido tinha apenas o HCV. Os homens passaram por exames de sangue, espermogramas e avaliação genética. Foram aceitos aqueles com baixa carga viral. Todas as mulheres também foram testadas e nenhuma delas tinha HIV nem HCV. A idade média entre elas era de 35 anos e cada uma teve 12 óvulos retirados. Houve fertilização em 70% dos casos, mas somente 52% mantiveram a gravidez - 22 casais.
"Essa média de 52% é o que é esperado em fertilização assistida e não tem a ver com o fato de os homens serem portadores de HIV nem de HCV", disse Maria Cecília. "O que é importante é que essa técnica permite que casais sorodiscordantes, em que o homem é o portador dos vírus, possam ter filhos sem que a mulher ou o embrião sejam infectados."
De acordo com Patricia Falcone, entre 60 e 70 casais foram submetidos à técnica no Centro de Reprodução Humana de Florença, no ano passado, sem que tenha havido transmissão de vírus para a mulher ou o bebê.

Fonte: O Estado de S.Paulo