BOLETIM
VACINAS
ANTI HIV/AIDS - NÚMERO 34
PUBLICAÇÃO DO GIV - GRUPO DE INCENTIVO À VIDA - Junho - 2021

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Prevenção
Infusão com anticorpos
Uma nova possibilidade de prevenção para o HIV: infusão com anticorpos
A partir de release do Centro Fred Hutchinson (27 de março) e artigo no NEJM, 18 de março de 2021
Mulher deitada recebendo soro

Um grande estudo internacional mostrou que é possível prevenir algumas infecções por HIV com infusões de uma proteína particularmente potente conhecida como anticorpo amplamente neutralizante. Antes deste estudo não estava claro se um anticorpo amplamente neutralizante (bnAb) poderia ser usado para prevenir a aquisição do vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1).

Porém, provavelmente será necessária uma combinação de anticorpos diferentes e mais potentes para bloquear todas as cepas do HIV.

Segundo o pesquisador principal dos ensaios, Dr. Larry Corey, virologista e professor do Centro para Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson, os resultados dos ensaios de Prevenção Mediada por Anticorpos, ou AMP, divulgados em 26 de janeiro de 2021 são uma “importante prova de conceito” que demonstrou a viabilidade de bloquear o HIV com infusões bimestrais de tais anticorpos.

OS ESTUDOS

ALTERNATIVO
Dr. Larry Corey, virologista e professor do Centro para Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson | Foto: Robert Hood / Fred Hutch News Service

Dois ensaios clínicos com populações diferentes foram desenvolvidos. O estudo HVTN 704 / HPTN 085 era para homens e transgêneros que fazem sexo com homens em risco nas Américas e na Europa e o estudo HVTN 703 / HPTN 081 para mulheres em risco na África subsaariana. Os participantes foram distribuídos aleatoriamente para receber, a cada 8 semanas, infusões de um anticorpo amplamente neutralizante (bnAb) denominado VRC01. As doses foram de 10 ou 30 mg por kilograma (grupo de baixa dose e grupo de alta dose, respectivamente) ou placebo. As infusões foram dez no total. O teste de HIV-1 foi realizado a cada 4 semanas.

Consequentemente, explicou Corey, este estudo mostrou que, assim como combinações de diferentes medicamentos antirretrovirais são necessárias para tratar o HIV, combinações de anticorpos mais potentes – incluindo alguns descobertos desde o lançamento do estudo AMP –podem ser capazes de evitá-lo. Os primeiros testes usando tais coquetéis de anticorpos em voluntários humanos já estão em andamento.

Este estudo mostrou que, assim como combinações de diferentes medicamentos antirretrovirais são necessárias para tratar o HIV, combinações de anticorpos mais potentes – incluindo alguns descobertos desde o lançamento do estudo AMP – podem ser capazes de evitá-lo.

“Em primeiro lugar, mostrou que as infusões deste anticorpo amplamente neutralizante eram seguras. Houve cerca de 44.000 infusões no decorrer deste estudo em vários continentes.” O estudo mostrou que o anticorpo atingiu o limite contra 30% das cepas de HIV que encontrou, mas não foi potente o suficiente para neutralizar outras cepas, disse Corey em uma entrevista.

Extraímos alguns detalhes do artigo publicado no New England Journal of Medicine.

RESULTADOS

Os eventos adversos foram semelhantes em número e gravidade entre os grupos de tratamento em cada ensaio.

Entre os 2.699 participantes no HVTN 704 / HPTN 085, a infecção pelo HIV-1 ocorreu em 32 no grupo de baixa dose, 28 no grupo de alta dose e 38 no grupo de placebo. A incidência de infecção por HIV-1 por 100 pessoas-ano no HVTN 704 / HPTN 085 foi de 2,35 nos grupos VRC01 combinados e 2,98 no grupo de placebo (eficácia de prevenção estimada, 26,6%; e o intervalo de confiança de 95% [IC], -11,7 a 51,8; P = 0,15).

Entre os 1.924 participantes do HVTN 703 / HPTN 081, a infecção ocorreu em 28 no grupo de baixa dose, 19 no grupo de alta dose e 29 no grupo de placebo. A incidência por 100 pessoas-ano no HVTN 703 / HPTN 081 foi de 2,49 nos grupos VRC01 combinados e 3,10 no grupo de placebo (eficácia de prevenção estimada, 8,8%; IC de 95%, -45,1 a 42,6; P = 0,70).

Infecção segundo vírus sensíveis e não sensíveis ao anticorpo VRC01

Em análises pré-especificadas reunindo dados entre os ensaios, a incidência de infecção com [vírus] isolados sensíveis ao VRC01 por 100 pessoas-ano foi de 0,20 entre os receptores de VRC01 e 0,86 entre os receptores de placebo (eficácia de prevenção estimada, 75,4%; 95 % IC, 45,5 a 88,9). A eficácia da prevenção contra [vírus] isolados sensíveis foi semelhante para cada dose de VRC01 dos ensaios. O VRC01 não evitou a aquisição de outros isolados de HIV-1.

CONCLUSÃO

As análises de isolados de HIV-1 sensíveis ao VRC01 forneceram uma prova de conceito de que a profilaxia com bnAb pode ser eficaz.

O VRC01 não evitou a aquisição geral do HIV-1 de forma mais eficaz do que o placebo, mas as análises de isolados de HIV-1 sensíveis ao VRC01 forneceram uma prova de conceito de que a profilaxia com bnAb pode ser eficaz. Os estudos foram apoiados pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA.

TESTE QUE MEDE NÍVEIS DE ANTICORPOS NECESSÁRIOS PARA BLOQUEAR O HIV

Um teste – desenvolvido pelo Dr. David Montefiore, do Duke Human Vaccine Institute – pode medir a potência da capacidade de um determinado anticorpo de bloquear o HIV. O estudo AMP estabeleceu que, se um anticorpo atingisse um certo limite de potência contra uma cepa de HIV, ele o bloquearia. Inversamente, se fosse mais fraco do que esse nível, o anticorpo falharia.

Corey disse que este resultado é extremamente importante para o design de futuros medicamentos de prevenção do HIV. “Isso realmente nos dá controle sobre algumas coisas. Ele nos diz qual é o nível de neutralização necessário para fornecer proteção. Também nos diz a quantidade de anticorpos que precisaríamos induzir pela vacinação”, continuou.

“O teste foi totalmente preditivo do que funcionou e do que não funcionou”, disse Corey. “Agora podemos usar este ensaio para definir um anticorpo amplamente neutralizante mais potente.”

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